Estação Espacial Internacional

12 de outubro de 2016

Ao final dos anos 80 as superpotências Estados Unidos e União Soviética encerraram os projetos para missões tripuladas à Lua e começaram a se empenhar em ações para montar laboratórios espaciais e ambientes que permitissem a presença humana duradoura nesse novo ambiente.

Desde a década de 1970 os EUA já trabalhavam no Projeto Skylab e os soviéticos nos Programas Salyut e Almaz, este de caráter militar. Ainda em 1974 o Skylab foi encerrado, já o Salyut durou até 1985, embora a estação ainda tenha permanecido mais alguns anos em órbita e sendo visitada pelos cosmonautas soviéticos. Em 1986, na onda do sucesso das estações Salyut, os comunistas lançam a estação espacial Mir. Um grandioso projeto que quebrou todos os recordes como tempo de permanência de humanos no espaço e massa de corpos em órbita.

Estação Mir em 1998

Com o fim da Guerra Fria e a redução das tensões militares, EUA e Rússia (principal país remanescente da desagregação da URSS) iniciam projetos de cooperação no campo aeroespacial. A Mir passou a ser visitada pelos americanos e por outros países que têm interesse no setor.

Em 1998, Estados Unidos, Rússia, Canadá, Japão e Agência Espacial Europeia se unem no projeto para lançar uma nova estação, um complexo laboratório em órbita e colocam o módulo Zarya no espaço. Está lançada a primeira peça da Estação Espacial Internacional.

A construção foi dada como oficialmente concluída em junho de 2011. Ao todo são 14 módulos pressurizados e fabricação russa, americana, japonesa e europeia. Quinze países compõem o consórcio: Canadá, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia, Suíça, Reino Unido, Japão, Rússia e Estados Unidos. O Brasil manteve um acordo com a NASA para fabricar hardware em troca de poder utilizar os equipamentos e enviar um astronauta. O militar Marcos César Pontes se tornou o primeiro astronauta brasileiro em 2006. Porém o não cumprimento das obrigações na manufatura dos equipamentos acordados fez com que o Brasil fosse excluído da lista de fabricantes de peças.


CARACTERÍSTICAS GERAIS 

A Estação Espacial Internacional - EEI é o objeto mais massivo (com cerca de 419 toneladas) já posto no espaço superando a Mir. Orbitando a uma altitude média de 400 km, mas que pode variar de 330 a 410 km, viaja a uma fantástica velocidade de 27.700 km/h, o que a faz dar uma volta na Terra em 92 minutos e meio.

A EEI é alimentada pela luz solar, painéis solares de 58 metros que giram buscando a estrela, para sempre captar a maior quantidade de energia possível. Devido ao arrasto atmosférico, a estação perde altitude em cerca de 2,5 km a cada mês, o retorno a posição inicial se deve aos foguetes dos módulo Zvezda que em três horas recolocam na altitude correta. Além disso, a estação já precisou realizar movimentos evasivos para evitar choques com restos de satélites e outros detritos de maior porte.

A Estação Espacial é pouco maior que um campo de futebol americano

CAMINHADAS NO ESPAÇO

Há situações onde é preciso arrumar a casa, especialmente a parte de fora. Reparos são feitos manualmente com os astronautas se aventurando no vazio. Durante o acoplamento de naves, também é necessário, às vezes, a presença do ser humano do lado de fora para ajudar nos encaixes. Trata-se de momentos de grande perigo, pois uma simples partícula menor que uma moeda viajando a milhares de quilômetros por hora podem ser fatais de atingirem um astronauta.

Astronauta Mike Hopkins com a Terra ao fundo.

Fazendo reparos na EEI em julho de 2009.

DIA A DIA

O "dia" na EEI começa às 6 horas e termina às 21:30, à bordo é utilizado o Tempo Universal Coordenado, antigo "horário de Greenwich". Durante 24 horas a tripulação vê o Sol nascer 16 vezes. Em geral são 10 horas de trabalho por dia. Devido a baixa gravidade, os astronautas são obrigados a praticar exercícios físicos no decorrer do dia como caminhadas em esteiras presos por cintos, alongamentos com pesos e pedaladas para não ter problemas graves nos ossos e músculos, pois como não fazem esforço físico a musculatura tende a atrofiar e ocorrer grande descalcificação nos ossos.

No espaço a atividade física torna-se vital.

Nesse vídeo, obtido do Portal UOL, vemos a astronauta italiana Samantha Cristoforetti demonstrando alguns exercícios físicos realizado no espaço.

Os astronautas dormem em pé vestidos em sacos de dormir, mas não sentem incômodo. Os sacos são presos nas paredes para evitar que flutuem pela nave e se choquem nas máquinas. A falta de gravidade faz surgir situações inusitadas, como o simples desapertar um parafuso, se a pessoa não se fixar no chão ou se segurar em algo, rodará em torno do parafuso, como se este é quem "desapertasse" o astronauta.

A alimentação é servida em sacos embalados à vácuo, latas raramente embarcam nos foguetes. Os alimentos são desidratados e com pouco sabor, a microgravidade inclusive reduz o paladar. Migalhas não são bem-vindas, pois podem flutuar, entupir os filtros de ar e contaminar equipamentos. Lá tem um aquecedor de alimentos, frigorífico, água quente e natural. Garfos e facas são magnéticos e ficam presos as bandejas para evitar que atinjam os computadores.

Hora de entrar no banheiro. O banho é estranho, invés de chuveiro, temos toalhas úmidas ensaboadas. As toalhas podiam ser usadas até por três dias, depois eram colocadas nas paredes para que a água fosse absorvida e reaproveitada. Os xampus não são enxaguados e o creme dental  deve ser engolido, mas claro, são feitos para isso mesmo. Para urinar, os astronautas (tanto faz homem ou mulher) usam uma mangueira que suga com conteúdo diretamente para a unidade de reciclagem e é reaproveitada na estação. Sim, a urina se torna água potável e isso é um dos grandes legados para a humanidade deixados pela exploração espacial: a reutilização da água, inclusive da urina. Para o número 2, o procedimento é semelhante. Inicialmente o astronauta deve ficar bem vedado ao equipamento, pois não queremos resíduos flutuando pela estação (ainda mais esses tipos de resíduos), após o término do "trabalho" as fezes são coletadas em sacos individuais e recolhidas em depósitos de alumínio. Quando o depósito está cheio são enviadas à Terra pela nave de carga Progress. Homens e mulheres podem usar o mesmo equipamento.

Mangueira para o nº 1 e o "trono" para o nº 2

OBSERVAÇÃO DA TERRA

A Estação Espacial é de fácil observação do solo terrestre, quando está refletindo a luz solar e o ângulo está favorável pode brilhar atingindo até - 4 de magnitude aparente, ou seja equivalente a Vênus. Depois das 20 horas (no países tropicais) já não é possível enxergá-la, pois ao sobrevoar tais lugares nesse horário ela já está imersa na sombra terrestre. Abaixo temos um vídeo da passagem da EEI sobre João Pessoa - PB filmada com câmera comum.

VÍDEOS CURIOSOS

Temos alguns vídeos do dia a dia na Estação, o áudio é em inglês, mas dá para ter uma noção das dificuldades e improvisos no espaço.

Escovando os dentes na EEI. Ah! Não esqueça de engolir a espuma.

Para as mulheres, lavando o cabelo...

Para torcer uma simples toalha.