19 de outubro de 2016
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Esta imagem cobre uma porção de um grande censo de galáxias com o nome GOODS (Great Observatories Origins Deep Survey). Crédito: NASA, ESA e Equipe GOODS, e M. Giavalisco (Universidade de Massachusetts, Amherst) |
O Telescópio Espacial Hubble com ajuda de outros observatórios concluiu um censo do espaço profundo e chegou a conclusão que o Universo é mais cheio do que se pensava: pelo menos 10 vezes mais galáxias no Universo observável do que se imaginava. E que no passado havia bem mais!
Os resultados têm implicações claras para a formação de galáxias e também ajudam a lançar luz sobre um antigo paradoxo astronômico: por que é que o céu é escuro à noite?
Ao analisar os dados, uma equipe liderada por Christopher Conselice da Universidade de Nottingham, Reino Unido, descobriu que o número de galáxias agrupadas num determinado volume do espaço, no início do Universo, era 10 vezes superior ao do presente. A maioria destas galáxias eram relativamente pequenas e tênues, com massas semelhantes às satélites da Via Láctea, como a Pequena Nuvem de Magalhães. À medida que se fundiam para formar galáxias maiores, a densidade populacional das galáxias no espaço diminuiu. Isto significa que as galáxias não estão distribuídas uniformemente ao longo da história do Universo.
"Estes resultados são uma poderosa evidência de que teve lugar uma significativa evolução galáctica ao longo da história do Universo, o que reduziu drasticamente o número de galáxias por meio de fusões, assim reduzindo o seu número total. Isto fornece uma verificação da chamada formação estrutural descendente no Universo," explica Conselice.
Uma das questões mais fundamentais da astronomia é a de quantas galáxias o Universo contém. O marco HDF (Hubble Deep Field), obtido em meados da década de 1990, forneceu a primeira visão real da população galáctica do Universo. Observações sensíveis subsequentes, como o HUDF (Hubble's Ultra Deep Field), revelaram uma miríade de galáxias fracas. Isto levou a uma estimativa de que o Universo observável continha cerca de 200 bilhões de galáxias. A nova investigação mostra que esta estimativa é, pelo menos, dez vezes demasiado baixa.
Conselice e a sua equipe chegaram a esta conclusão usando imagens de céu profundo obtidas pelo Hubble e dados já publicados por outros grupos de estudo. Eles converteram as imagens para 3D no intuito de fazerem medições precisas do número de galáxias em épocas diferentes da história do Universo. Além disso, usaram novos modelos matemáticos, o que lhes permitiu inferirem a existência de galáxias que a atual geração de telescópios não consegue observar. Isto levou à surpreendente conclusão de que, para o número de galáxias que vemos atualmente e suas massas equivalerem ao esperado, devem existir mais 90% de galáxias no Universo observável que são tão "fracas" e distantes que não podem ser observadas com telescópios atuais. Esta população de galáxias pequenas foi se aglutinando, ao longo do tempo, em galáxias maiores que agora podemos observar.
"É inacreditável que mais de 90% das galáxias no Universo ainda não foram estudadas. Quem sabe que propriedades interessantes vamos encontrar quando descobrirmos essas galáxias com as gerações futuras de telescópios? No futuro próximo, o Telescópio Espacial James Webb será capaz de estudar estas galáxias ultrafracas, comenta Conselice.
A diminuição do número de galáxias, à medida que o tempo avançava, também contribuiu para a solução do paradoxo de Olbers (formulado pela primeira vez no início do século XVIII pelo astrônomo alemão Heinrich Wilhelm Olbers: por que é que o céu é escuro à noite se o Universo contém uma infinidade de estrelas? A equipe chegou à conclusão que há, efetivamente, uma abundância tal de galáxias que, em princípio, cada pedaço do céu contém parte de uma galáxia.
No entanto, a luz estelar das galáxias é invisível ao olho humano e à maioria dos telescópios modernos devido a outros fatores conhecidos que reduzem a luz visível e ultravioleta no Universo. Esses fatores são o "avermelhamento" da luz devido à expansão do espaço, à natureza dinâmica do Universo e à absorção de luz pela poeira e gás intergaláticos. Tudo combinado, isto mantém escuro o céu noturno.
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