E se um grande asteroide viesse para a Terra?

Será que estamos prontos para nos defender das bombas espaciais?

12 de fevereiro de 2018


Um tema muito abordado em filmes de catástrofe são os impactos de asteroides na Terra, como o famoso Armagedom, além de Impacto Profundo e a série Salvation. Neles sempre temos uma linha semelhante: descoberta do objeto com poucos dias ou semanas para impacto, projetos que falham e um autossacrifício para salvamento do planeta. Pois bem, saindo da ficção e voltando à realidade, o que temos à mão ou que pode ser feito se um asteroide de tamanho considerável estiver em rota de colisão com a Terra?


Antes de avaliarmos nossa capacidade de defesa, antes temos que conhecer o inimigo e saber com quem estamos lidando. Asteroides são os restos da formação do Sistema Solar, é a matéria que não se agregou em planetas ou satélites e que vagam em órbitas definidas. A grande maioria deles se encontra do Cinturão de Asteroides que fica entre Marte e Júpiter, outros têm órbitas isoladas e ocasionalmente cruzam os caminhos dos planetas. Até no meio do próprio Cinturão, colisões entre eles podem levar alguns objetos Sistema Solar à dentro rumo ao Sol ou a uma nova órbita de equilíbrio.
Órbita de alguns asteroides próximos. Site Apolo11.com

Existem basicamente três tipos de asteroides: os tipo C (carbonáceos, ricos em carbono e bastante escuros), os tipo S (ricos em silicatos e mais luminosos) e os tipo M (metálicos, com níveis consideráveis de ferro e níquel, com luminosidade semelhante aos tipo S). Além desses, existem outros de composição mais complexa, mas de número reduzido.

PARTINDO AO ATAQUE (OU À DEFESA)

O tempo de descoberta do asteroide até a data do provável impacto deve nos dar a folga para planejar nossa proteção. A Nasa tem um setor de monitoramento dos NEO - Near Earth Object - Objetos próximos da Terra em inglês. Porém já aconteceu surpresas desagradáveis, visto que asteroides pequenos e escuros são quase invisíveis mesmo com as tecnologia atual, estes embora não possam causar risco de destruição global, mas podem destruir vidraças, casas e ferir pessoas.

Então, vamos supor que a humanidade disponha de um tempo razoável e que o asteroide tenha um tamanho que cause risco global, digamos 8 a 10 km de diâmetro, como o que dizimou os dinossauros. Como poderemos nos defender?

- Trator gravitacional: Aqui se o fator tempo não for problema (tipo décadas). Uma sonda reforçada com pesos é enviada na direção do asteroide, ao alcançá-lo ela ficaria paralelo com este e interagiria gravitacionalmente. Todo objeto, por menor que seja, tem efeitos gravitacionais, A sonda mantida ao lado do asteroide por anos, faria-o lentamente deslocar de sua trajetória alguns milímetros ou micrômetros, mas o efeito cumulativo iria mandá-lo para longe daqui.
Mantendo uma sonda próxima do asteroide, aos poucos ele mudaria seu rumo.

- Disparando laser: Novamente a ideia é desviar a trajetória, mas agora usando lasers. Feixes de alta energia direcionados em um lado específico do asteroide, isso o fará mudar seu centro de gravidade e alterar a direção.
Raios energéticos do laser alteraria o centro de gravidade do asteroide, o que mudaria sua trajetória.

- Espelhos: Semelhante ao método do laser, mas com grandes espelhos em sondas para captar a luz solar e atingir o asteroide para que mude a órbita.
Espelhos refletiriam a luz do Sol, usando o mesmo princípio da técnica dos lasers.

- Empurrando: Agora vamos descer no asteroide. Uma sonda pousaria na superfície do mesmo e ligaria seus propulsores a toda força, literalmente carregando o objeto para longe.
Uma sonda empurraria para longe o objeto perigoso.

- Britadeira: Precisamos de muito tempo aqui, pois neste método uma sonda carregaria uma britadeira automática e poderosa e a deixaria na superfície do asteroide para que cumpra sua missão: triturar o asteroide e espalhar seus pedaços no espaço. Com o tempo e sua massa menor, o objeto perderia sua estabilidade orbital e mudaria de direção.
Bagger 288, a maior escavadeira do mundo. Colocar um monstro desse num foguete e automatizá-lo pode ser uma alternativa de salvação.

- Paintball: Parece piada, mas a ideia foi apresentada num concurso promovido pelo Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT). O então doutorando Sung Wook Paek propôs disparar cápsulas de tinta branca no asteroide e deixá-lo todo pintado. Sua ideia se apoia no fato que o aumento do albedo (capacidade de refletir a luz) o faria ser empurrado levemente no sentido contrário, através da pressão dos fótons.
Brincadeira à parte, os fótons refletidos criariam uma minúscula força no sentido contrário ao deslocamento do asteroide.

- Partindo para ignorância, ou melhor, destruindo com bombas nucleares: Apesar de ser a opção mais acessível que temos hoje (se não for a única), é considerada a pior forma de defesa. Foguetes carregando uma poderosa carga nuclear explodiria o asteroide e o destruiria. Mas provavelmente apenas multiplicaríamos o problema, pois máximo que acontecerá é fragmentação da rocha sem mudança da direção ou ainda se o objeto for muito grande (50 km ou mais) a explosão pode apenas fazer cócegas no monstro.
No caso de impacto iminente, isso é tudo que temos.

- Explosões nucleares nas vizinhanças: Novamente as temíveis armas nucleares como nossas salvadoras, mas desta vez não usadas para destruir, mas para desviar. Intensas explosões nas proximidades do asteroides, poderiam provocar superaquecimento em um dos lados do astro provocando vaporização da superfície. Segundo ensina a Terceira Lei de Newton, esse vapor na forma de ejeção pode impulsionar o objeto para seu lado oposto, evitando o impacto com a Terra.
A vaporização de um lado do asteroide pode empurrá-lo para o outro.

Ainda não sabemos que existe vida inteligente fora da Terra, mas provavelmente, caso haja, a sobrevivência dentre as intempéries do espaço seja um dos requisitos para tal, portanto estudos no monitoramento e elaboração de métodos proteção contra impactos de asteroides deveriam ser estimulados e testados, afinal se um dia quisermos habitar outro planeta, que não seja por destruição da Terra.

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A Terra vista da Estação Espacial Internacional