SHOW DA ASTRONOMIA: Garatéa-L, a missão lunar brasileira

14 de dezembro de 2018

O Brasil vai à Lua! Finalmente um projeto mais ousado do nosso país no campo espacial. Mas calma, nada de astronautas saltando em baixa gravidade, nada de amostras, rovers ou landers. Será um pequeno artefato cheio de ciência e esperança que orbitará nosso satélite natural. Vamos conhecer um pouco da sonda Garatéa-L, a tão esperada missão brasileira no espaço profundo.

Garatéa é uma palavra que vem do Tupi-guarani, significa "busca vidas", embora este não seja seu objetivo, a sonda terá experimentos biológicos a bordo. O projeto é do consórcio Garateia, o qual é composto pela empresa privada Airvantis, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, Instituto Tecnológico da Aeronáutica, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC/RS, Instituto Mauá de Tecnologia - IMT, Universidade de São Paulo - USP, entre outras parceiras.

A equipe é liderada pelo CEO da Airvantis Lucas Fonseca, engenheiro espacial, ex-membro da Missão Rosetta, primeira sonda a orbitar e pousar em um cometa. O principal investigador científico é Douglas Galante, pesquisador do LNLS - Laboratório Nacional de Luz Síncroton e referência na astrobiologia no Brasil.

Lucas Fonseca, diretor da missão

Douglas Galante, investigador principal

Apesar de o que mais chama atenção nesta missão seja acolocar uma sonda em órbita lunar, a Garatéa tem objetivos mais amplos: promoção da ciência, desenvolvimento da indústria nacional e inspiração educacional, instigar os jovens a acreditar que coisas incríveis podem ser realizadas.

Estimas-se que a missão tenha custo total de 35 milhões de reais, financiados por parcerias público-privadas. A Garatéa não irá sozinha, ela fará parte de um conjunto de vários pequenos satélites que subirão através missão Pathfinder, uma joit-venture das empresas britânicas SSTL e Goonhilly. A data do lançamento ainda não foi confirmada, mas acredita-se que ocorra entre 2020 ou 2021.

A sonda terá cerca de 7,2 kg, ou seja, será um microssatélite e estará numa órbita altamente excêntrica (alongada). Terá como principal estudo científico a investigação sobre as condições extremas do espaço para a vida com a exposição de colônias de bactérias e tecido humano aos raios cósmicos de modo promover estudos na astrobiologia e medicina espacial e em microgravidade. Pretende-se também que a sonda faça imagens espectrais da superfície lunar.

Os seus experimentos principais serão:

- Microrganismos e biomoléculas depositas em extrato sólido expostas a radiação e as variações de temperaturas do espaço para se analisar os danos causados aos seres;

- Cultivo microbiano em meio líquido no intuito de estudar a resposta biológica aos fatores de estresse pela ausência de gravidade e alta radiação, ou seja, como as bactérias reagirão nas novas condições;

- Tecido humano em meio aquoso para se investigas os danos ao mesmo nesse ambiente hostil e com isso elaborar novos meios para proteção a futuros tripulantes espaciais;

- Uma câmera para imagens espectrais da bacia Aitken, próxima do polo sul lunar, acredita-se que seja um local com recursos para uma permanência humana de longa duração.

Um belíssimo projeto, que, seja como brasileiros, seja como apaixonados pela ciência, torcemos para dar certo. Que sua missão secundária também funcione plenamente, despertar em nossa população o interesse pela pesquisa científica e pela educação, como também promover desenvolvimento tecnológico e industrial, o que geraria demanda por mão de obra qualificada, mais empregos e progresso nacional.

A Lua nos espera!