A Índia vai a Vênus. Quem vai junto?

A agência espacial indiana planeja enviar uma sonda a Vênus em 2023 e instrumentos internacionais são bem-vindos ao passeio.
04 de dezembro de 2018

Vênus sem as nuvens

A Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) planeja enviar seu primeiro orbitador a Vênus e recentemente convidou outros países para participar da diversão. Em um anúncio no dia 6 de novembro, o ISRO publicou uma oportunidade em relação a sua missão planejada para Vênus, cujo lançamento está programado para meados de 2023. No anúncio, a agência encorajou cientistas de outros países a enviar propostas de experimentos e instrumentos que potencialmente possam acompanhar o orbitador indiano até o planeta.

Apesar de ser o planeta mais próximo da Terra, já se passaram quase 30 anos desde que a NASA enviou uma sonda a Vênus. Desde então, apenas algumas poucas missões internacionais se aventuraram no planeta infernal. Fato que surpreende, especialmente quando se considera que Vênus tem aproximadamente a mesma idade, massa e tamanho que a Terra.

Semelhantes no tamanho, Vênus e Terra têm diferenças
brutais de temperatura na superfície.
No entanto, ao contrário do nosso mundo azul, Vênus é um mundo extremamente hostil. Sua superfície é atormentada por um efeito estufa descontrolado que, com o tempo, gerou uma atmosfera densa e rica em dióxido de carbono que é provoca o aprisionamento do calor. Tal configuração provoca altas temperaturas superficiais que facilmente supera os 455 °C.

Mas esse não é o maior dos problemas para voltarmos ao "irmão" da Terra. "Na ausência de novas missões em Vênus, é cada vez mais difícil conseguir que estudantes e pesquisadores em início de carreira se interessem em Vênus", disse Patrick McGovern, do Instituto Lunar e Planetário, em um comunicado. Com a falta de interessados do astro, menos chances de missões no futuro. Um círculo vicioso que afasta o planetas cada vez mais da Terra.

O esforço indiano por Vênus e pela ciência
 
Embora o interesse em Vênus tenha diminuído nas últimas décadas, a próxima missão da Índia tem como objetivo mudar essa tendência. Como parte de uma missão ainda sem nome, a ISRO lançará uma sonda de aproximadamente 2,5 toneladas a bordo do mais pesado foguete que atualmente opera: o Geosynchronous Satellite Launch Vehicle Mark III. O tamanho e a potência deste foguete de três estágios permitirão que a espaçonave carregue um conjunto completo de instrumentos, pesando cerca de 100 kg, até o nosso planeta irmão.

A sonda inicialmente será colocada em uma órbita muito inclinada ao redor de Vênus, chegando a 500 km em sua maior aproximação e 60.000 km no maior distanciamento. Uma vez em órbita, os cientistas provavelmente farão pequenos ajustes na trajetória da espaçonave para gradualmente encurtar sua órbita, obtendo uma melhor visão.

Geosynchronous Satellite Launch Vehicle Mark III
O foguetão indiano para Vênus. Todos a bordo?

Depois que a rota de voo do orbitador for finalizada, a missão começará com as operações científicas. Um dos principais objetivos da missão é analisar de perto as características da superfície de Vênus para entender melhor como o planeta ressurgiu tão dramaticamente nos últimos bilhões de anos. Além disso, a missão investigará qual o papel do vento e radiação solar no aquecimento do planeta, além de estudar a química e a dinâmica da atmosfera venusiana.

Embora a ISRO já tenha selecionado 12 instrumentos indianos que se aventurarão a bordo da espaçonave, incluindo analisadores atmosféricos e uma série de câmeras, segundo o cientista de foguetes e presidente da ISRO, Kailasavadivoo Sivan, “a exploração planetária deve ser sobre parcerias globais”. Por isso que a ISRO fez um apelo por mais propostas de instrumentos: a colaboração torna a ciência mais forte.

Chegou a hora?

Apesar da calmaria na exploração de Vênus e da consequente interrupção no fluxo de especialistas em Vênus, a próxima missão da Índia pode servir como a hora da virada, onde novas descobertas estimulam e renovam o interesse em nosso mundo irmão. “Na minha opinião”, disse McGovern, “estamos atualmente no estágio de reconhecimento da exploração [de Vênus], equivalente à de antes de 1997, em Marte”.

E considerando a infinidade de missões de grande sucesso que exploraram Marte nas últimas duas décadas - incluindo os rovers Spirit, Opportunity e Curiosity da NASA, bem como a Mars Orbiter Mission da ISRO - os próximos 20 anos podem muito bem ser de muitos pontos para Vênus.

TRADUZIDO E ADAPTADO DE:

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A Terra vista da Estação Espacial Internacional