15 de janeiro de 2017
Nestes
tempos em que tantas sondas robóticas cruzam o Sistema Solar, há
algumas que conseguem, pelo menos durante alguns dias, captar a atenção
dos mídia e deixar uma forte impressão na mente do público. Nos últimos
meses, Rosetta, New Horizons, ExoMars, são exemplos de nomes que se
tornaram bastante conhecidos. Se fizermos um pouco mais de esforço,
talvez encontremos quem tenha ouvido falar da Dawn, da Cassini e quem
não se lembraria do Curiosity, o rover que percorre a superfície de
Marte?
Claro
que há muitas outras missões notórias, algumas de grande longevidade,
que exploram ou exploraram planetas, satélites, asteroides e cometas. A
Messenger em Mercúrio, a Venus Express em Vênus, a Mars Express, a Mars
Odyssey, a Mars Reconnaissance Orbiter em órbita de Marte (para não
falar da já desativada Mars Global Surveyor), o rover Opportunity ainda a
rolar na superfície do planeta vermelho, ao fim de tantos anos (e já
alguns depois do “funeral” do seu gêmeo Spirit), a Galileo no sistema de
Júpiter. Mas não é dessas que vamos falar. É das outras.

Há pior, claro. Sabia que, também em volta de Marte, existe uma sonda indiana? Também chegou em 2014, e chama-se Mangalyaan. Sim, foi construída e lançada na Índia, aquela enorme nação asiática conhecida por muitas outras razões, algumas difíceis de engolir para a nossa sensibilidade ocidental. A verdade é que, assim, a Índia se tornou a primeira potência espacial a ter sucesso na sua estreia marciana e por um preço bastante menor do que é costume nestes casos. A sonda não tem uma câmara capaz de imagens de grande detalhe, mas fornece com regularidade imagens de todo o disco marciano, algo que outras sondas não permitem.
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A Mangalvaan |
Avancemos
para Júpiter. Há uma sonda a orbitar neste momento o gigante gasoso.
Chama-se Juno e entrou em órbita há pouco tempo, já em 2016. Leva uma
câmara e as imagens estão disponíveis na net. Mas o objeto de estudo da
sonda é o próprio planeta, não os seus satélites e as imagens não são
particularmente excitantes. Além disso, dado o agressivo ambiente devido
à radiação emitida pelo gigantesco planeta, a câmara não deverá
funcionar para lá do fim de 2017.
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Trajetória da Juno ao redor de Júpiter. |
Regressemos
então a paragens mais próximas da Terra, mais concretamente a Vênus.
Depois das sondas da era soviética, da sonda americana com nome
português (impossível aos anglo-saxônicos pronunciar Magalhães,
evidentemente, portanto Magellan ficou), e da europeia Venus Express, um
planeta quase abandonado. Certo? Bem, não exatamente. O Japão tem uma
sonda a orbitar o planeta neste preciso momento. A Akatsuki foi lançada
em 2010 e nesse mesmo ano falhou a inserção orbital prevista. Porém, ao
fim de cinco anos, uma manobra alternativa colocou finalmente a sonda a
rodar em torno de Vênus. Neste caso, não vale de todo a pena esperar por
imagens da superfície (tem aquelas nuvens todas) e sem um radar a
bordo, nada feito. Além disso, também esta sonda é dedicada a estudos
atmosféricos.
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Akatsuki |
Mas
esta recuperação de uma sonda quase falhada parece ter-se tornado uma
especialidade japonesa. É verdade que no ano 2003, a sonda Nozomi não
conseguiu entrar em órbita de Marte e ficou a rodar em torno do Sol,
esquecida. Mas o Japão conta com outro caso de recuperação quase
miraculosa. Em 2005, a Hayabusa levou a cabo a sua missão de se
aproximar e recolher partículas do asteroide Itokawa, mas depois teve
inúmeros problemas e pareceu impossível cumprir a segunda parte do
programa: trazer de volta à Terra esses minúsculos pedaços do astro.
Porém, o objetivo acabou por ser conseguido, mostrando que nem sempre
uma sonda aparentemente perdida se resigna a esse destino.
Não
falamos aqui de coelhos de jade, nem de smarts ou clementinas, nomes
que, para quem acompanha a exploração espacial, têm um outro
significado. Mas a verdade é que se torna já difícil enumerar ou lembrar
todas as sondas que partiram do terceiro planeta à descoberta de novos
horizontes por esse Sistema Solar fora. Fiquemos apenas com a ideia de
que elas não foram lançadas apenas por americanos, russos ou europeus,
que a empresa espacial tem cada vez mais atores e que no futuro haverá
novos nomes (mais ou menos estranhos) a celebrar.
Pesquisado e adaptado de:
Pesquisado e adaptado de:
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