07 de dezembro de 2014
Os cometas sempre chamaram a atenção da humanidade, em tempos passados, sua aparição causava imenso terror como se anunciassem desgraças futuras. Esse efeito negativo está praticamente esgotado, já o interesse científico persiste, e claro, a admiração também, já que quando um grande cometa surge, logo se torna celebridade na imprensa.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Desde o terceiro milênio antes de Cristo, os cometas já eram percebidos pelos antigos. Como pareciam que vinham do nada, eram tidos como mensageiros dos deuses, normalmente com más notícias: morte de reis, péssimas colheitas ou simplesmente seu desagrado para com a humanidade.
A origem do nome remonta a Grécia, Aristóteles derivou a palavra grega komē (cabeleira da cabeça) em komētēs que significa "estrelas com cabeleira", daí para o latim cometes até nosso português: cometas. O mesmo filósofo acreditava que os cometas eram fenômenos produzidos pela atmosfera terrestre.
Na Idade Média, as "estrelas com cabeleira" mantiveram seu legado de pressageiros das desgraças, anunciando inundações e doenças, mas isso não impediu que fossem admirados. Abaixo temos uma tapeçaria de 1066 retratando o cometa Halley, claro que os habitantes da época sequer sabiam do que se tratava aquela "coisa" no céu.
No início do século XVI, Peter Apianus foi o primeiro a observar e registrar em obra que os cometas têm sua cauda sempre oposta ao Sol. Um grande salto ocorreu com Tycho Brahe (1546 - 1601), conhecido como o maior astrônomo a olho nu de todos os tempos, derrubou as ideias aristotélicas e mediu a paralaxe e a distância de um cometa durante sua passagem, provando que não eram objetos atmosféricos e sim que estavam além da Lua.
Em 1680, um duro golpe nas lendas proféticas dos cometas é dado por Edmond Halley. Nesse ano ele observa um grande cometa e tenta calcular sua trajetória através de linhas retas, ele fracassou. Deduziu curvas em uma reunião com seu amigo Isaac Newton e chegou numa elipse bem alongada. Estudou as trajetórias de passagens anteriores de cometas e chegou a conclusão que seriam o mesmo cometa, assim calculou sua trajetória e próxima passagem: 1758. Halley falecera em 1742, não podendo confirmar pessoalmente seus cálculos, mas foi devidamente reconhecido pelo feito, quebrando a velha "maldição" que era imposta às "estrelas de cabeleira".
A partir do momento que os cometas não eram mais mensageiros dos deuses, mas astros dos sistemas solar, centenas foram descobertos, estudados e calculados. Em 2 de março de 2004, foi lançada a sonda Rosetta da Agência Espacial Europeia seguindo em direção ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Em 12 de novembro de 2014, a Rosetta libera a sonda pousadora Philae que aterrissa na superfície do cometa, tornando-se o primeiro objeto feito por mãos humanas a pousar em um cometa e realizar estudos.
O QUE SÃO? DE ONDE VÊM? QUANDO VÊM?
Cometas são corpos do Sistema Solar com órbitas muito elípticas, ao contrários dos planetas que têm órbitas pouco elípticas, quase circulares. A maioria dos cometas tem a órbita tão alongada que tem seu periélio (ponto de maior proximidade com o Sol) menor que o da Terra, as vezes menor até que o de Mercúrio, e seu afélio (ponto oposto, ou seja, mais distante do Sol) maior que o de Netuno.
Acredita-se que se formem numa região conhecida como Cinturão de Kuiper, uma vasta área de corpos gelados que sobraram da formação do Sistema Solar que começa após a órbita de Netuno e se estende por cerca de 3 bilhões de quilômetros. Esses seriam os cometas de período curto, pois existem outros cuja origem está na Nuvem de Oort, uma gigantesca região em volta do Sol, além do Cinturão de Kuiper, recheada de fragmentos de rochas, gelo e gases presos a influência gravitacional solar, seriam os cometas de período longo.
O período de um cometa (tempo para dar uma volta no Sol) relaciona-se com o raio de sua órbita. O mais famoso deles o Halley tem período em cerca de 76 anos, já o cometa Encke, 3,3 anos e o cometa Hale-Bopp, mais de 2000 anos.
COMO SÃO OS COMETAS?
Tanto os cometas como os asteroides são restos da formação do Sistema Solar, no entanto diferente dos asteroides que são um amontoado de pedras e metais compactados (Saiba mais sobre asteroides aqui), os cometas contêm substâncias voláteis em sua composição, o que lhes dá a aparência espetacular.
Os cometas possuem um núcleo sólido que varia de 100 m a 40 km compostos de rochas, gelo, poeira e gases congelados como metano, amônia, monóxido e dióxido de carbônico (gás carbônico), além de traços de hidrocarbonetos.
Em sua maior parte da "vida" mantém-se assim, meras "pedras geladas" orbitando a bilhões de quilômetros do Sol, mas quando viajam em direção à nossa estrela a temperatura começa a subir e os gases mais voláteis sublimam-se. Tais gases são ejetados da superfície carregando muita poeira e formando uma espécie de atmosfera cometária chamada de coma ou cabeleira. Após a volatização, a radiação e o vento solar (fluxo de partículas carregadas emitidas pelo Sol que viajam a 400 km/s) passam a agir sobre a coma, formando a cauda do cometa, que sempre aponta da direção oposta ao Sol. O brilho dos cometas vem do reflexo das partículas de poeira e dos gases ejetados, e agora, ionizados pela radiação solar.
Os cometas formam duas caudas, uma de poeira e outra de gases. A cauda de poeira segue o trajeto do cometa, parecendo ficar curvada ao se aproximar do Sol. A cauda de gases sempre ficará oposta à estrela, tendo em vista que é "empurrada" pelo fortíssimo vento solar. A cauda pode atingir milhões de quilômetros de comprimento.
Alguns cometas cruzam a órbita terrestre deixando-a repleta de fragmentos, causando um belo fenômeno: as chuvas de meteoros, quando nosso planeta passa pela região interceptada pelo astro. Uma chuva de meteoros famosa, as perseidas, ocorre todos os anos no mês de agosto com a intensidade máxima na segunda semana do mês, são os restos deixado pelo cometa Swift-Tuttle, que aparentam vir da constelação de Perseu. Além das perseidas, temos as leônidas e orionídeas entre outras.
DESTINO DE UM COMETA
Um cometa quando ruma ao Sol vai decidir aí seu destino. Alguns tem órbitas parabólicas ou hiperbólicas, ou seja, não forma um caminho fechado como a elipse ou a circunferência, tais cometas passam apenas uma vez pelo centro do nosso sistema, depois retornam para os confins gelados da periferia até abandonarem a família solar, são os cometas não periódicos.
Outros até são periódicos, mas ao ganharem velocidade e perderem massa, alteram suas órbitas, sendo praticamente "catapultados" para fora do Sistema Solar quando se encontram com o Sol ou com Júpiter.
Tem cometas, especialmente os de período curto, que após várias passagens pelo Sol perdem por completo seu material volátil, tornando-se pequenas rochas escuras e ficando indistinguíveis dos asteroides.
Há aqueles que "morrem" de forma mais violenta, sendo desintegrados como o Ison em 2013, promessa de cometa do século, ele não sobreviveu ao periélio (em 28 de novembro). Durante sua travessia em torno do Sol, seu núcleo foi pulverizado e as poeiras restantes se dispersaram no espaço. Morreu como herói, tendo em vista que chegou a ficar a apenas 100 000 km da superfície solar.
Outro tipo de morte violenta são as colisões com o Sol, planetas e satélites. Como já foi dito no começo deste texto. Em 1994 Shoemaker-Levy 9 colidiu no polo sul de Júpiter, ele já havia sido capturado pelo forte campo gravitacional a alguns anos antes. Na sua passagem próxima ao planeta em 7 de julho de 1992, seu núcleo foi fragmentado e no dia 16 de julho de 1994 começou o bombardeio, durando até 22 de julho.
Mais próximo da gente, as fortes evidências que a presença de gelo em profundas crateras lunares que nunca recebem luz têm origem em impactos com cometas. Mais perto ainda, em 30 de junho 1908, na região da Sibéria - Rússia, próximo ao rio Tunguska, ocorreu o maior impacto da história recente da Terra, quando um objeto de origem cometária (alguns cientistas acham que era um asteroide) entrou na atmosfera terrestre e explodiu a cerca de 5 km de altura. O acontecimento, conhecido como Evento de Tunguska, destruiu 1200 km² de floresta e teve uma energia equivalente a 185 bombas atômicas como a de Hiroshima. A ausência de cratera reforça a teoria que defende que o objeto era um cometa, ou ao menos fragmento de um, o Encke é forte candidato.
COMETAS FAMOSOS E EXÓTICOS
Halley - Talvez o mais conhecido de todos, foi o primeiro a ser reconhecido como periódico, a cada 75 a 76 anos ele completa sua órbita. Embora já houvesse registros de suas passagens desde antes de Cristo, apenas no século XVIII com a confirmação dos cálculos efetuados por Edmond Halley pôde-se constatar que as passagens anteriores de objetos com órbitas semelhantes eram de fato o mesmo astro. Na sua passagem em 1910, o Halley provocou intenso pavor na humanidade com a divulgação da descoberta que gases nocivos, como cianogênio, faziam parte da composição do cometa e que a Terra seria envenenada ao atravessar sua cauda. As pessoas saíram de máscaras pelas ruas e até comprimidos anticometa foram comercializados. O Halley veio e foi embora e a Terra permaneceu intacta. Em sua última passagem, 1986, sondas e missões foram planejadas para estudos mais aprofundados, porém muitas delas foram canceladas. Halley voltará em 2061.
Encke - Segundo cometa a ser descoberto (o Halley é considerado primeiro) em 1786, feito creditado a Pierre Méchain na França. Possui o menor período conhecido com 3,31 anos, tem seu afélio próximo da órbita de Júpiter e seu periélio dentro da órbita de Mercúrio. Devido ao seu curtíssimo tempo de translação e sucessivas passagens pelo Sol, tem perdido cada vez mais seu material volátil brilhando cada vez menos.
Lovejoy - Descoberto em 2011 por Terry Lovejoy. Destacou-se pelo seu periélio, ficou apenas 140 000 km da superfície solar e sem ninguém esperar, sobreviveu. Seu brilho atingiu uma magnitude aparente entre -3 e -4, semelhante ao de Vênus.
Swift-Tuttle - Descoberto em 1862 por Lewis Swift e Horace Parnell Tuttle de forma independente. É considerado o maior objeto celeste que faz passagens repetidas próximas da Terra. Tem um núcleo sólido de cerca de 27 km de diâmetro (o asteroide que extinguiu os dinossauros teria cerca de 10 km). Por cruzar a órbita terrestre deixa incontáveis fragmentos, que caem na forma de estrelas cadentes entre 9 a 13 de agosto, são as perseidas, pois as estrelas parecem vir da constelação de Perseu. Seu período orbital é de aproximadamente 130 anos, mas em 1992, seu último periélio, os astrônomos erraram em 17 dias a data prevista o evento. Em sua próxima passagem, 14 de agosto de 2126, caso os cálculos estiverem errados em 15 dias, Swift-Tuttle poderá chocar-se com a Terra ou com a Lua.
Lemmon - Descoberto em 23 de março de 2012, com período orbital estimado em 8000 anos, seu destaque é a cor esverdeada. Mas não é esse o motivo do nome Lemmon, e sim o observatório em que foi descoberto que se localizava no Monte Lemmon, Arizona - EUA.
Hyakutake - Descoberto em janeiro de 1996, se aproximando muito da Terra em março do mesmo ano. Nele, pela primeira vez, foram percebidas emissões de raios X, a explicação mais aceita é pelo fato das partículas do ventos solar interagirem com seus átomos neutros. Foi o cometa com a cauda mais conhecida em sua época, cerca de 500 milhões de quilômetros. Seu período era de 15000 anos, mas devido à influência gravitacional dos planetas gigantes, saltou para 72000 anos.
Biela - Registrado em 1772, mas identificado como periódico apenas em 1826 (terceiro, após Halley e Encke). Mesmo com um período curto: 6,6 anos, já não é visto desde 1852. Em sua passagem de 1846, o cometa se partiu em dois pedaços e em 1852 os dois pedaços foram vistos separados por mais de 2 milhões de quilômetros, mas seguindo a trajetória original. Após anos sem nenhum sinal dele, em novembro de 1872 uma chuva de meteoros atingiu a Terra, na região do céu que era esperada para a passagem do cometa. Biela estava morto e seu fantasma de fragmentos ainda visitou a Terra mais algumas vezes, até sumir por completo.
Hale-Bopp - Descoberto em 23 julho de 1995, conhecido como Grande Cometa de 1997, ficou visível a olho nu por 18 meses, tornando-se o recordista. Provocou certo medo em várias pessoas por fazer alguns anos que um grande cometa não era visto, inclusive com suicídio em massa de membros da seita Heaven's Gate por suspeitarem que o cometa era seguido por naves alienígenas. Em seu periélio, 1997, brilhou mais que qualquer estrela, exceto Sírius, sua cauda ocupou quase metade do céu, mas visível na íntegra com ajuda de instrumentos. Em 2005, quando já estava além de Urano, ainda se percebia uma cauda, observável apenas por poderosos telescópios, mas ainda assim único a apresentar tal "força". Tem um período acima de 2300 anos. Nele foi vista, com instrumentos especiais, uma terceira cauda formada por sódio.
Ison -Descoberto em setembro de 2012 e oriundo da Nuvem de Oort, teve seu periélio a apenas 1.100.000 km da superfície solar, mas não resistiu. Após a passagem pelo Sol, em 28 de novembro de 2013, ainda foram observados traços luminosos, mas nada que se confirmasse a presença de um núcleo remanescente ou pelo menos destroços do cometa. Em 3 de dezembro do mesmo ano, a NASA anuncia a morte do cometa. O Ison chegou a ser chamado de Cometa do Século, pois prometia ser um espetáculo visual, porém frustrou a todos. A grande expectativa deveu-se ao fato do Lovejoy ter sobrevivido, mas ao contrário do Ison, Lovejoy não veio da Nuvem de Oort e seu núcleo era mais compacto, e portanto, resistente.
McNaught - O Grande Cometa de 2007, descoberto um ano antes por Roberto H. McNaught, foi o segundo mais brilhante desde 1935, com magnitude aparente estimada em -6 (4 vezes mais brilhante que Vênus). O periélio ocorreu em 12 de janeiro e passou a menos de 3 milhões de quilômetros do Sol.
Ikeya-Seki - O Grande Cometa de 1965, descoberto por japoneses, é considerado o cometa mais brilhante dos últimos mil anos, seu brilho atingiu -10 de magnitude aparente (a Lua cheia atinge -13). Antes do periélio seu núcleo partiu-se em três grandes pedaços, mas que continuaram a seguir a trajetória descrita para o "cometa-pai".
FONTES DE APOIO
http://global.britannica.com/
O QUE SÃO? DE ONDE VÊM? QUANDO VÊM?
Cometas são corpos do Sistema Solar com órbitas muito elípticas, ao contrários dos planetas que têm órbitas pouco elípticas, quase circulares. A maioria dos cometas tem a órbita tão alongada que tem seu periélio (ponto de maior proximidade com o Sol) menor que o da Terra, as vezes menor até que o de Mercúrio, e seu afélio (ponto oposto, ou seja, mais distante do Sol) maior que o de Netuno.
Representação da órbita de um cometa. Fora de escala. |
Acredita-se que se formem numa região conhecida como Cinturão de Kuiper, uma vasta área de corpos gelados que sobraram da formação do Sistema Solar que começa após a órbita de Netuno e se estende por cerca de 3 bilhões de quilômetros. Esses seriam os cometas de período curto, pois existem outros cuja origem está na Nuvem de Oort, uma gigantesca região em volta do Sol, além do Cinturão de Kuiper, recheada de fragmentos de rochas, gelo e gases presos a influência gravitacional solar, seriam os cometas de período longo.
O período de um cometa (tempo para dar uma volta no Sol) relaciona-se com o raio de sua órbita. O mais famoso deles o Halley tem período em cerca de 76 anos, já o cometa Encke, 3,3 anos e o cometa Hale-Bopp, mais de 2000 anos.
COMO SÃO OS COMETAS?
Tanto os cometas como os asteroides são restos da formação do Sistema Solar, no entanto diferente dos asteroides que são um amontoado de pedras e metais compactados (Saiba mais sobre asteroides aqui), os cometas contêm substâncias voláteis em sua composição, o que lhes dá a aparência espetacular.
Os cometas possuem um núcleo sólido que varia de 100 m a 40 km compostos de rochas, gelo, poeira e gases congelados como metano, amônia, monóxido e dióxido de carbônico (gás carbônico), além de traços de hidrocarbonetos.
Núcleo do cometa Borrely |
Em sua maior parte da "vida" mantém-se assim, meras "pedras geladas" orbitando a bilhões de quilômetros do Sol, mas quando viajam em direção à nossa estrela a temperatura começa a subir e os gases mais voláteis sublimam-se. Tais gases são ejetados da superfície carregando muita poeira e formando uma espécie de atmosfera cometária chamada de coma ou cabeleira. Após a volatização, a radiação e o vento solar (fluxo de partículas carregadas emitidas pelo Sol que viajam a 400 km/s) passam a agir sobre a coma, formando a cauda do cometa, que sempre aponta da direção oposta ao Sol. O brilho dos cometas vem do reflexo das partículas de poeira e dos gases ejetados, e agora, ionizados pela radiação solar.
Os cometas formam duas caudas, uma de poeira e outra de gases. A cauda de poeira segue o trajeto do cometa, parecendo ficar curvada ao se aproximar do Sol. A cauda de gases sempre ficará oposta à estrela, tendo em vista que é "empurrada" pelo fortíssimo vento solar. A cauda pode atingir milhões de quilômetros de comprimento.
Cometa Hale-Bopp e suas partes |
Alguns cometas cruzam a órbita terrestre deixando-a repleta de fragmentos, causando um belo fenômeno: as chuvas de meteoros, quando nosso planeta passa pela região interceptada pelo astro. Uma chuva de meteoros famosa, as perseidas, ocorre todos os anos no mês de agosto com a intensidade máxima na segunda semana do mês, são os restos deixado pelo cometa Swift-Tuttle, que aparentam vir da constelação de Perseu. Além das perseidas, temos as leônidas e orionídeas entre outras.
DESTINO DE UM COMETA
Um cometa quando ruma ao Sol vai decidir aí seu destino. Alguns tem órbitas parabólicas ou hiperbólicas, ou seja, não forma um caminho fechado como a elipse ou a circunferência, tais cometas passam apenas uma vez pelo centro do nosso sistema, depois retornam para os confins gelados da periferia até abandonarem a família solar, são os cometas não periódicos.
Outros até são periódicos, mas ao ganharem velocidade e perderem massa, alteram suas órbitas, sendo praticamente "catapultados" para fora do Sistema Solar quando se encontram com o Sol ou com Júpiter.
Tem cometas, especialmente os de período curto, que após várias passagens pelo Sol perdem por completo seu material volátil, tornando-se pequenas rochas escuras e ficando indistinguíveis dos asteroides.
Há aqueles que "morrem" de forma mais violenta, sendo desintegrados como o Ison em 2013, promessa de cometa do século, ele não sobreviveu ao periélio (em 28 de novembro). Durante sua travessia em torno do Sol, seu núcleo foi pulverizado e as poeiras restantes se dispersaram no espaço. Morreu como herói, tendo em vista que chegou a ficar a apenas 100 000 km da superfície solar.
Outro tipo de morte violenta são as colisões com o Sol, planetas e satélites. Como já foi dito no começo deste texto. Em 1994 Shoemaker-Levy 9 colidiu no polo sul de Júpiter, ele já havia sido capturado pelo forte campo gravitacional a alguns anos antes. Na sua passagem próxima ao planeta em 7 de julho de 1992, seu núcleo foi fragmentado e no dia 16 de julho de 1994 começou o bombardeio, durando até 22 de julho.
Shoemaker-Levy 9 fragmentado antes do choque com Júpiter |
Cicatrizes em Júpiter após impacto com o Shoemaker-Levy 9 |
Mais próximo da gente, as fortes evidências que a presença de gelo em profundas crateras lunares que nunca recebem luz têm origem em impactos com cometas. Mais perto ainda, em 30 de junho 1908, na região da Sibéria - Rússia, próximo ao rio Tunguska, ocorreu o maior impacto da história recente da Terra, quando um objeto de origem cometária (alguns cientistas acham que era um asteroide) entrou na atmosfera terrestre e explodiu a cerca de 5 km de altura. O acontecimento, conhecido como Evento de Tunguska, destruiu 1200 km² de floresta e teve uma energia equivalente a 185 bombas atômicas como a de Hiroshima. A ausência de cratera reforça a teoria que defende que o objeto era um cometa, ou ao menos fragmento de um, o Encke é forte candidato.
Floresta destruída pelo Evento de Tungunska |
COMETAS FAMOSOS E EXÓTICOS
Halley - Talvez o mais conhecido de todos, foi o primeiro a ser reconhecido como periódico, a cada 75 a 76 anos ele completa sua órbita. Embora já houvesse registros de suas passagens desde antes de Cristo, apenas no século XVIII com a confirmação dos cálculos efetuados por Edmond Halley pôde-se constatar que as passagens anteriores de objetos com órbitas semelhantes eram de fato o mesmo astro. Na sua passagem em 1910, o Halley provocou intenso pavor na humanidade com a divulgação da descoberta que gases nocivos, como cianogênio, faziam parte da composição do cometa e que a Terra seria envenenada ao atravessar sua cauda. As pessoas saíram de máscaras pelas ruas e até comprimidos anticometa foram comercializados. O Halley veio e foi embora e a Terra permaneceu intacta. Em sua última passagem, 1986, sondas e missões foram planejadas para estudos mais aprofundados, porém muitas delas foram canceladas. Halley voltará em 2061.
Halley em 1910 |
Halley em 1986 |
Encke - Segundo cometa a ser descoberto (o Halley é considerado primeiro) em 1786, feito creditado a Pierre Méchain na França. Possui o menor período conhecido com 3,31 anos, tem seu afélio próximo da órbita de Júpiter e seu periélio dentro da órbita de Mercúrio. Devido ao seu curtíssimo tempo de translação e sucessivas passagens pelo Sol, tem perdido cada vez mais seu material volátil brilhando cada vez menos.
Encke, em transição para asteroide |
Lovejoy - Descoberto em 2011 por Terry Lovejoy. Destacou-se pelo seu periélio, ficou apenas 140 000 km da superfície solar e sem ninguém esperar, sobreviveu. Seu brilho atingiu uma magnitude aparente entre -3 e -4, semelhante ao de Vênus.
Lovejoy se aproxima do Sol |
Lovejoy expondo sua cauda |
Swift-Tuttle - Descoberto em 1862 por Lewis Swift e Horace Parnell Tuttle de forma independente. É considerado o maior objeto celeste que faz passagens repetidas próximas da Terra. Tem um núcleo sólido de cerca de 27 km de diâmetro (o asteroide que extinguiu os dinossauros teria cerca de 10 km). Por cruzar a órbita terrestre deixa incontáveis fragmentos, que caem na forma de estrelas cadentes entre 9 a 13 de agosto, são as perseidas, pois as estrelas parecem vir da constelação de Perseu. Seu período orbital é de aproximadamente 130 anos, mas em 1992, seu último periélio, os astrônomos erraram em 17 dias a data prevista o evento. Em sua próxima passagem, 14 de agosto de 2126, caso os cálculos estiverem errados em 15 dias, Swift-Tuttle poderá chocar-se com a Terra ou com a Lua.
Swift-Tuttle |
Lemmon - Descoberto em 23 de março de 2012, com período orbital estimado em 8000 anos, seu destaque é a cor esverdeada. Mas não é esse o motivo do nome Lemmon, e sim o observatório em que foi descoberto que se localizava no Monte Lemmon, Arizona - EUA.
Lemmon com cor de limão |
Hyakutake - Descoberto em janeiro de 1996, se aproximando muito da Terra em março do mesmo ano. Nele, pela primeira vez, foram percebidas emissões de raios X, a explicação mais aceita é pelo fato das partículas do ventos solar interagirem com seus átomos neutros. Foi o cometa com a cauda mais conhecida em sua época, cerca de 500 milhões de quilômetros. Seu período era de 15000 anos, mas devido à influência gravitacional dos planetas gigantes, saltou para 72000 anos.
Hyakutake |
Biela - Registrado em 1772, mas identificado como periódico apenas em 1826 (terceiro, após Halley e Encke). Mesmo com um período curto: 6,6 anos, já não é visto desde 1852. Em sua passagem de 1846, o cometa se partiu em dois pedaços e em 1852 os dois pedaços foram vistos separados por mais de 2 milhões de quilômetros, mas seguindo a trajetória original. Após anos sem nenhum sinal dele, em novembro de 1872 uma chuva de meteoros atingiu a Terra, na região do céu que era esperada para a passagem do cometa. Biela estava morto e seu fantasma de fragmentos ainda visitou a Terra mais algumas vezes, até sumir por completo.
Hale-Bopp - Descoberto em 23 julho de 1995, conhecido como Grande Cometa de 1997, ficou visível a olho nu por 18 meses, tornando-se o recordista. Provocou certo medo em várias pessoas por fazer alguns anos que um grande cometa não era visto, inclusive com suicídio em massa de membros da seita Heaven's Gate por suspeitarem que o cometa era seguido por naves alienígenas. Em seu periélio, 1997, brilhou mais que qualquer estrela, exceto Sírius, sua cauda ocupou quase metade do céu, mas visível na íntegra com ajuda de instrumentos. Em 2005, quando já estava além de Urano, ainda se percebia uma cauda, observável apenas por poderosos telescópios, mas ainda assim único a apresentar tal "força". Tem um período acima de 2300 anos. Nele foi vista, com instrumentos especiais, uma terceira cauda formada por sódio.
Hale-Bopp e suas caudas, a azul de gás e a branca de poeira |
A cauda de sódio do Hale-Bopp |
Ison -Descoberto em setembro de 2012 e oriundo da Nuvem de Oort, teve seu periélio a apenas 1.100.000 km da superfície solar, mas não resistiu. Após a passagem pelo Sol, em 28 de novembro de 2013, ainda foram observados traços luminosos, mas nada que se confirmasse a presença de um núcleo remanescente ou pelo menos destroços do cometa. Em 3 de dezembro do mesmo ano, a NASA anuncia a morte do cometa. O Ison chegou a ser chamado de Cometa do Século, pois prometia ser um espetáculo visual, porém frustrou a todos. A grande expectativa deveu-se ao fato do Lovejoy ter sobrevivido, mas ao contrário do Ison, Lovejoy não veio da Nuvem de Oort e seu núcleo era mais compacto, e portanto, resistente.
Ison, frustração |
McNaught - O Grande Cometa de 2007, descoberto um ano antes por Roberto H. McNaught, foi o segundo mais brilhante desde 1935, com magnitude aparente estimada em -6 (4 vezes mais brilhante que Vênus). O periélio ocorreu em 12 de janeiro e passou a menos de 3 milhões de quilômetros do Sol.
McNaught, espetáculo! |
McNaught, visto de Porto Alegre - Brasil |
Ikeya-Seki - O Grande Cometa de 1965, descoberto por japoneses, é considerado o cometa mais brilhante dos últimos mil anos, seu brilho atingiu -10 de magnitude aparente (a Lua cheia atinge -13). Antes do periélio seu núcleo partiu-se em três grandes pedaços, mas que continuaram a seguir a trajetória descrita para o "cometa-pai".
Ikeya–Seki |
FONTES DE APOIO
http://global.britannica.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Cometas
http://www.observatorio.ufmg.br/pas56.htm
http://www.ccvalg.pt/astronomia/noticias/2013/11/15_cometas_historia.htm
http://www.zenite.nu/
http://www.observatorio.ufmg.br/pas56.htm
http://www.ccvalg.pt/astronomia/noticias/2013/11/15_cometas_historia.htm
http://www.zenite.nu/
Adorei a postagem! O assunto é maravilhoso e mágico... :)
ResponderExcluirFascinante!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPara um cético incorrigível como eu, o mais próximo que consigo chegar da contemplação do místico e do divino é quando debruço-me sobre a Astronomia.
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