Lixo espacial


17 de outubro de 2011

Obtido do site Apollo11.com
A poluição ambiental é, infelizmente, um fato corriqueiro. Sobram notícias de vazamentos de petróleo, esgotos domésticos e industriais que são despejados nos rios, além da sujeira jogada nas vias públicas. De algumas décadas para cá, um novo e grande local passou a ser "depositário" de lixo: o espaço sideral.


Desde o lançamento do Sputnik, o primeiro objeto a entrar em órbita, em 1957, a evolução tecnológica permitiu que naves, foguetes e outras centenas de satélites explorassem o espaço tranquilamente. No entanto, após perderem a utilidade, esses objetos permanecem orbitando nosso planeta passando do status de exploradores para o de poluidores espaciais.

A figura que abre esse texto ilustra o que acabamos de dizer. Dentro do círculo vermelho um pedaço do tanque de combustível do foguete Atlantis desprendeu do resto da nave e orbitará como zumbi ameaçando novas missões, equipamentos e a vida de astronautas.


O QUE É LIXO ESPACIAL?

Os lixos (ou detritos) espaciais são objetos criados pelos humanos e que se encontram em órbita  ao redor da Terra, mas que não desempenham mais nenhuma função útil. É composto por detritos de naves, combustíveis, satélites desativados, lascas de tinta, estágios de foguetes, pedaços de mantas térmicas, foguetes e até mesmo ferramentas e luvas perdidas por astronautas durante as suas explorações espaciais. 
Buraco causado por um detrito espacial no satélite SolarMax.
Para piorar a situação às vezes dois pedaços de lixo se chocam no espaço e produzem centenas de novos fragmentos, como aconteceu em fevereiro de 2009, na ocasião um satélite russo e outro americano se chocaram sobre a Sibéria a uma altitude de 800 km gerando mais de 2 mil novos pedaços. O fato ganhou mais notoriedade quando cálculos apontaram para o risco da Estação Espacial Internacional ser atingida por estilhaços.


COMO ESTÁ A SITUAÇÃO? 

De acordo com a Agência Espacial Americana (NASA) e a Agência Espacial Europeia (ESA) foram contabilizados no espaço aproximadamente 21.000 destroços acima de 10 centímetros e 500.000 objetos com tamanho entre 1 e 10 centímetros. Estima-se que existam mais de 100 milhões de objetos com menos de 1 cm. A maior concentração de lixo está em altitudes que variam de 750 a 800 km da superfície.

Representação artística do lixo espacial
Entre tais detritos foram encontradas o Vanguard 1, o segundo satélite lançado pelos EUA e mais antigo objeto espacial ainda em órbita, uma luva perdida de Neil Armstron (primeiro homem a pisar em solo lunar), sacolas de lixo oriunda da antiga estação soviética MIR, uma chave de boca e até escova de dentes. Objetos como esses, apesar de pequenos podem causar sérios danos caso venham a colidir com algum satélite ativo ou mesmo uma missão tripulada.



Além do dano material, vidas podem ser ceifadas pelo entulho espacial. Um fragmento em órbita atinge velocidades incríveis, alguns ultrapassam os 28.000 km/h, ou seja, cerca de 12 vezes a velocidade de um Concorde. Assim, até mesmo um simples parafuso hipersônico perdido pode matar um astronauta que faça uma missão externa.

Também pode ocorrer acidentes com a Estação Espacial Internacional (EEI ou ISS, em inglês). Um fragmento com 4 a 5 mm pode danificar cabos de força e painéis. Em outubro de 1999 a EEI precisou realizar uma manobra evasiva para escapar dos restos do foguete Pegasus. Acionados foguetes propulsores, a Estação se elevou em 1,6 km evitando riscos maiores. Em 2014, a EEI teve de fazer três manobras evasivas para escapar de lixo espacial.
Buraco na janela do STS-7 causada por detritos espaciais
O QUE PODERÁ OCORRER NO FUTURO SE NADA FOR FEITO?

O cenário mais remoto, porém fisicamente demonstrável, é a Síndrome de Kessler. A hipótese, apresentada por um físico da NASA, sustenta que vai chegar um momento que a presença de detritos no espaço, principalmente na orbita terrestre baixa, produzirá cada vez mais colisões gerando uma reação em cadeia, multiplicando o número de pedaços. Ao final, a exploração espacial será interrompida devido à impossibilidade de fazer novos lançamentos de satélites e foguetes por décadas.

Além dos risco lá em cima, o problema pode, literalmente, cair dos céus. Boa parte do lixo espacial permanece em órbita por anos. Mas o arrasto atmosférico, faz com ele perca lentamente sua altitude, até atingir um ponto onde o mesmo entra em queda livre. A maioria dos destroços, como têm poucos centímetros, desintegra ao atrito com as camadas atmosféricas. No entanto, alguns pedaços maiores sobrevivem e se tornam uma ameaça real para pessoas, animais e construções no solo. Tais objetos resistem, além do tamanho maior, pelo fato de serem confeccionados por materiais de alto ponto de fusão como titânio e berílio. Um exemplo foi o tanque de combustível do foguete Delta II caído no estado do Texas - EUA em 1997, como pode se ver abaixo.

Mais recentemente o Satélite de Pesquisa da Atmosfera Superior Terrestre (UARS, sigla em inglês), lançado em 1991 e desativado em 2005, entrou em rota de colisão. Pesando quase 6 toneladas o "monstro" desceu se desintegrando, mas cerca de 500 kg de metal sobreviveram à queda. Em 24 de setembro de 2011 a maior parte dele atingiu no norte do Canadá, não houve relatos de feridos.
UARS no espaço


O QUE PODE SER FEITO?

Agências espaciais, cientistas e centros de pesquisa têm procurado soluções para o problema, antes que a Síndrome de Klessler se torne inevitável. 
A ESA tem testado com sucesso o uso de redes. Um canhão de ar comprimido lança uma grande rede e "pescaria" vários satélites e outros resíduos. A grande vantagem está em capturar mais de um objeto por lançamento. A previsão de utilização é para o ano 2021.

Está em testes também, o uso de braços mecânicos para capturar manualmente os pedaços de satélites e demais objetos inúteis do espaço. Estes seriam acoplados em naves não-tripuladas e guiadas por radares coletaria o lixo.

A NASA tem um projeto de uso de lasers para combater principalmente pequenos objetos. Canhões e lasers instalados em pontos estratégicos seriam disparados contra o lixo, mas não para desintegrá-los, e sim para alterar suas órbitas para que caiam, assim seriam incinerados com o atrito atmosférico.

Se uma tecnologia sofisticada não funcionar, também é possível usar a força bruta. Foguetes não-tripulados iriam até os detritos e os empurraria para uma reentrada na atmosfera com data de local determinado e desabitado, ou seja, um queda controlada.


MAIS IMAGENS


Módulo de um Delta ll,
caído na Arábia Saudita
Mais uma peça do Delta II
Um painel do LDEF com marcas de impacto com lixo espacial

APOIO:

http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/lixo-espacial/satelite-colisao-poluicao-orbita.shtml

http://pt.wikipedia.org/wiki/Detrito_espacial
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150806_lixo_espacial_ab
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2009/02/11/ult1809u17107.jhtm
http://super.abril.com.br/tecnologia/lixo-espacial-os-garis-do-universo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Terra vista da Estação Espacial Internacional